domingo, 19 de agosto de 2018

O TAI CHI COMO ARTE MARCIAL









O Tai Chi Chuan é mais conhecido por sua sequência de movimentos circulares, lentos e suaves, que sugerem uma forma de dança, meditação, ginástica ou prática energética e terapêutica, mas ele é também uma arte de combate, o que está indicado em seu próprio nome – a palavra chuan, em chinês, significa punho, luta ou técnica marcial. Como outras artes da Escola Interna (neijia), porém, o Tai Chi não faz uso da força bruta, baseada nos ossos e músculos vermelhos, mas da energia interior, chamada chi (ou ki, em japonês) e utiliza diversas técnicas que absorvem, transformam e devolvem a força do adversário contra ele mesmo (assim como acontece, em formas diferentes, no Aikidô), fazendo uso da flexibilidade, da respiração e das ações circulares ou espiraladas, em vez de gestos pesados, rígidos e duros. Os movimentos do Tai Chi são lentos, no aprendizado, mas também podem ser executados com muita rapidez, quando empregados para o ataque ou a defesa. O treinamento marcial do Tai Chi Chuan acontece, sobretudo, na prática de duas séries de exercícios, realizados com parceiro, que se chamam Tui Shou (“pressão das mãos”) e San Shou (“dispersão das mãos”). Conforme escreve Catherine Despeux no livro Tai Chi Chuan, Arte Marcial, Técnica de Longa Vida: “Estes exercícios a dois destinam-se, particularmente, à aplicação dos movimentos de encadeamento no combate. Entretanto, ainda que não trabalhemos o aspecto marcial do Tai Chi Chuan, tais exercícios oferecem múltiplas vantagens. Citemos algumas: permitem-nos adquirir melhor coordenação motora, aprender a perceber melhor o contendor e o modo com que nos colocamos em relação ao mundo exterior e estimulam o interesse das pessoas que encontram dificuldades no aprendizado de movimentos lentos, notadamente as crianças. (...) Todos os exercícios de pressão das mãos têm por base os quatro movimentos principais do Tai Chi Chuan, que correspondem aos quatro pontos cardeais e aos quatro trigramas Quian, Kun, Kan e Li. São eles: aparar o golpe (peng), puxar para trás (lu), empurrar para a frente (ji) e repelir (an). (...) A escola Yang instaurou um encadeamento a dois (San Shou) no qual um dos contendores faz um movimento do encadeamento do Tai Chi Chuan, ao passo que o outro responde por outro movimento do Tai Chi Chuan, que será a defesa, e assim por diante. Desse modo, se A executar o movimento ‘dar um soco’, B se defenderá efetuando o movimento ‘erguer as mãos’. (...) Nesses movimentos, o ataque se faz com a palma, o punho, o pulso, o cotovelo, o ombro, os joelhos e os pés. A resposta a cada golpe do adversário efetua-se no momento de recepção do golpe, no instante em que o adversário emite sua energia.”  

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