O Tai Chi Chuan é mais conhecido por sua sequência de movimentos circulares,
lentos e suaves, que sugerem uma forma de dança, meditação, ginástica ou
prática energética e terapêutica, mas ele é também uma arte de combate, o que
está indicado em seu próprio nome – a palavra chuan, em chinês, significa punho, luta ou técnica marcial. Como
outras artes da Escola Interna (neijia),
porém, o Tai Chi não faz uso da força bruta, baseada nos ossos e músculos
vermelhos, mas da energia interior, chamada chi
(ou ki, em japonês) e utiliza
diversas técnicas que absorvem, transformam e devolvem a força do adversário
contra ele mesmo (assim como acontece, em formas diferentes, no Aikidô), fazendo
uso da flexibilidade, da respiração e das ações circulares ou espiraladas, em vez de gestos
pesados, rígidos e duros. Os movimentos do Tai Chi são lentos, no aprendizado,
mas também podem ser executados com muita rapidez, quando empregados para o
ataque ou a defesa. O treinamento marcial do Tai Chi Chuan acontece, sobretudo,
na prática de duas séries de exercícios, realizados com parceiro, que se chamam
Tui Shou (“pressão das mãos”) e San Shou (“dispersão das mãos”). Conforme
escreve Catherine Despeux no livro Tai
Chi Chuan, Arte Marcial, Técnica de
Longa Vida: “Estes exercícios a dois destinam-se, particularmente, à
aplicação dos movimentos de encadeamento no combate. Entretanto, ainda que não
trabalhemos o aspecto marcial do Tai Chi Chuan, tais exercícios oferecem
múltiplas vantagens. Citemos algumas: permitem-nos adquirir melhor coordenação
motora, aprender a perceber melhor o contendor e o modo com que nos colocamos
em relação ao mundo exterior e estimulam o interesse das pessoas que encontram
dificuldades no aprendizado de movimentos lentos, notadamente as crianças.
(...) Todos os exercícios de pressão das mãos têm por base os quatro movimentos
principais do Tai Chi Chuan, que correspondem aos quatro pontos cardeais e aos
quatro trigramas Quian, Kun, Kan e Li. São eles: aparar o golpe (peng), puxar para trás (lu), empurrar para a frente (ji) e repelir (an). (...) A escola Yang instaurou um encadeamento a dois (San Shou) no qual
um dos contendores faz um movimento do encadeamento do Tai Chi Chuan, ao passo
que o outro responde por outro movimento do Tai Chi Chuan, que será a defesa, e
assim por diante. Desse modo, se A executar o movimento ‘dar um soco’, B se defenderá
efetuando o movimento ‘erguer as mãos’. (...) Nesses movimentos, o ataque se
faz com a palma, o punho, o pulso, o cotovelo, o ombro, os joelhos e os pés. A resposta
a cada golpe do adversário efetua-se no momento de recepção do golpe, no
instante em que o adversário emite sua energia.”
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