sexta-feira, 17 de agosto de 2018

A ARTE DO TAI CHI CHUAN,











O Tai Chi Chuan é uma arte marcial, meditativa e terapêutica chinesa, conhecida por seus movimentos circulares, contínuos, lentos, suaves e flexíveis, embora, na prática de combate, também possam ser executados com velocidade e vigor (o nome Tai Chi Chuan significa, literalmente, “Boxe da Suprema Cumeeira”). A prática, que remonta ao século XIII, foi desenvolvida pelo sábio taoísta Chan Sanfeng, após observar a luta entre uma serpente e um grou. O sábio ficou surpreso ao ver que a serpente vencia a disputa sem aparentemente opor resistência, executando ações ágeis, rápidas e circulares, enquanto o grou era pesado e duro. Chan Sanfeng concluiu que a suavidade pode vencer a força bruta, princípio já enunciado no Tao Te King de Lao Zi (“A coisa mais macia da terra / vence a mais dura”, diz o fragmento XLIII).  Outras versões atribuem a criação dessa arte a Chen Wanting, lutador chinês que viveu no século XVIII e transmitiu secretamente os ensinamentos do Tai Chi dentro de sua família, conforme a tradição da época. Seja qual for a sua verdadeira origem, a influência do taoísmo e do I Ching está presente em todos os princípios e técnicas do Tai Chi (cujo símbolo circular representa a interação entre os princípios opostos complementares do Yin e do Yang), por exemplo em suas Treze Posturas Essenciais, que se relacionam com os Oito Trigramas (ou Pa Kua) e os Cinco Elementos, embora também sejam associadas às oito energias (desviar, rolar para trás, pressionar, empurrar, puxar, golpear com o cotovelo, com o ombro, rachar) e com os cinco passos (avançar, recuar, olhar para a esquerda, fixar a direita, equilíbrio central). É possível verificarmos no Tai Chi, também, a presença de movimentos que fazem parte do repertório geral das artes marciais chinesas, tanto internas (neijia) quanto externas (waijia), daí a semelhança entre algumas técnicas de Tai Chi e de Kung Fu Shaolin, embora o modo de execução seja diferente. Nas artes externas, privilegia-se o trabalho com os músculos vermelhos, a força física, a rapidez e a capacidade física atlética, por vezes acrobática (que consome muita energia); nas artes internas, trabalha-se com o fortalecimento dos músculos internos, ou músculos brancos, com a abertura dos chakras e meridianos e com o desenvolvimento e circulação da energia interna, ou chi (chamado de ki em japonês), a mesma energia empregada em técnicas terapêuticas, como o Shiatsu, a Acupuntura e o Do In, e também na yoga alquímica chinesa. Na origem do Tai Chi, portanto, temos a união do pugilismo chinês com ideias filosóficas, religiosas, medicinais e esotéricas, embora a sua utilização principal fosse o combate; coube a Yang Luchan, que aprendeu, às escondidas, o Tai Chi da Escola Chen, dar o passo seguinte, transformando essa arte numa prática terapêutica, voltada aos objetivos de retardar o envelhecimento, prolongar a vida e preservar a saúde, sem abandonar o aspecto marcial. A Escola Yang, que se desenvolveu no século XIX e sobrevive até os dias de hoje, deu origem a três outras escolas: Wu, Guo Weizhen e Sun Lutang. Há diversas diferenças entre um e outro estilo, mesmo dentro da mesma escola, tanto nos movimentos quanto no encadeamento e na execução, mas em todos eles permanecem os princípios essenciais, sobretudo o treinamento da energia interior (chi kung), sem o que o Tai Chi perde o seu sentido. O ensinamento do Tai Chi nas escolas em geral compreende uma sequência de exercícios preliminares, como os “Oito fios do brocado”, voltados à flexibilização dos músculos, ao trabalho energético e à preservação da saúde; depois, a execução dos katis, organizados na “Forma longa” (que pode ter até 108 movimentos), a “Forma média” e a “Forma curta” (cada escola privilegia em geral uma dessas formas), onde são encadeadas todas as técnicas de ataque e defesa, numa coreografia que sugere ao espectador uma dança em câmera lenta. Em níveis mais avançados, pratica-se o Tui Shou e o San Shou, técnicas de ataque e defesa realizadas com um parceiro; e treinamentos individuais com armas como a espada, o sabre, o leque e o bastão. No Brasil, o Tai Chi Chuan foi introduzido em meados da década de 1970 por mestres como Liu Pai Lin (escola Yang), Wong (escola Wu), Roque Severino e Angela Soci (escola Yang tradicional).   


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