sábado, 7 de julho de 2018

KENDÔ: A UNIÃO ENTRE O CORPO, A MENTE E A ESPADA







O Kendo (em japonês剣道caminho da espada) é uma arte marcial japonesa derivada das técnicas de combate com a espada do Japão medieval, codificadas nos vários estilos de Kenjutsu.  Ao contrário da arte guerreira, o Kendô, em sua origem, estava voltado ao caminho espiritual, sob influência do zen-budismo. Entre seus princípios, estão o cultivo da mente e da paz interior pela prática da espada, o fortalecimento da saúde, o estímulo à cortesia e à honra e o cultivo de valores como a sinceridade, o respeito e o amor ao próximo, valores estabelecidos em 1975 pela All Japan Kendo Federation. Para atingir esses objetivos, o praticante deve conquistar a união entre o corpo, a mente e a espada. O Kendo foi desenvolvido a partir do Período Tokugawa, em que o Japão viveu um longo período de paz. Os samurais não eram mais requisitados para as batalhas, e passaram a cumprir funções burocráticas e administrativas, além de se dedicarem a artes como a pintura (sumiê), caligrafia (shodô), cerimônia do chá e teatro nô. As antigas técnicas guerreiras também foram modificadas, sendo praticadas, agora, como disciplinas para a realização espiritual. É neste contexto que, no século XVIII, Yamada Heisaemon e Naganuma Shiro da escola Jikishinkage-ryu e Nakanishi Chuzo da escola Itto-ryu,introduziram uma espada feita com tiras de bambu (shinái), nos treinos, em substituição à espada de madeira (bokutô) ou de aço (kataná) utilizadas em outras modalidades da esgrima japonesa. Esta é a gênese do Kendo, que até hoje utiliza a shinái, e também um tipo particular de armadura, para a proteção corporal. Durante o período da Restauração Meiji, o Kendô, assim como o Judô, foi introduzido nas escolas e universidades japonesas como atividade de educação física, obtendo grande popularidade. Após a derrota do Japão na II Guerra Mundial, o Kendô foi proibido pelas autoridades de ocupação norte-americanas, assim como outras artes marciais (com exceção do Karatê), sendo reabilitado a partir de 1952. Desde então, essa arte tem se expandido pelo Ocidente, ganhando numerosos adeptos. Atualmente, o Kendo é praticado, sobretudo, como uma modalidade esportiva de competição, em que o objetivo é conquistar pontos, o que acontece quando um praticante acerta com a espada o topo da cabeça, a garganta, os ombros, o centro e os lados do peito e a parte de cima das mãos e dos pulsos do adversário (partes do corpo que estariam normalmente protegidas pela armadura usada pelos samurais). No Brasil, o Kendo foi introduzido em 1908, sendo praticado, na época, sobretudo pelos imigrantes japoneses. Em 1933, surgiu a primeira associação brasileira de Judô e Kendo, a Hakoku Ju-Ken Do Ren-Mei. Nesta época, destacam-se os mestres Eiji Kikuchi Sensei, Ryunosuke Murakami Sensei e Kobayashi Sensei. Em 1959, acontece a fundação da Associação Brasileira de Kendo (Zen Haku Kendo Ren-Mei, em japonês). Em São Paulo, os primeiros treinamentos aconteceram em um dos primeiros clubes fundados pela comunidade nipo-brasileira, a Associação Cultural e Esportiva Piratininga (ACEP), que até hoje leciona essa modalidade, e também o Iaidô,  realizando eventos oficiais, apresentações, campeonatos e exames de graduação no Brasil.

Entre diversos mestres e escolas de Kendo podemos citar:
·         Ono-ha Itto-ryū – Kagehisa;
·         Shintō Munen-ryū – Watanabe Noboru, Shibae Umpachiro, Negishi Shigoro;
·         Musashi-ryū – Mihashi Kanichiro;
·         Jikishin Kage-ryū – Tokuno Kanshiro, Abe Morie;
·         Kyoshin Mechi-ryū – Sakabe Daisaku.


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