sexta-feira, 29 de junho de 2018

BUSHIDÔ, O CREDO DOS SAMURAIS











Bushido (武士道?, "caminho do guerreiro") é o código de conduta dos samurais, a classe guerreira do Japão medieval, que cultivava, além da prática das artes militares (bujutsu), o estudo dos clássicos da filosofia chinesa e japonesa, práticas cerimoniais e de etiqueta e diversas artes tradicionais (cerimônia do chá, poesia, arranjos florais, caligrafia, teatro nô, entre outras), em busca do refinamento espiritual e de uma conduta de vida regida pela honra, coragem, beleza e ética. O pensamento dos samurais, sintetizado em seu código de honra, o Bushidô, era uma síntese das principais doutrinas filosóficas e religiosas da época: xintoísmo, confucionismo, taoísmo e zen-budismo. Estabelecido entre os séculos IX e XII, obteve o seu apogeu no Período Tokugawa, no século XVII.   

As sete principais virtudes cultivadas pelos samurais são representadas em suas próprias vestes, nas sete pregas do hakamá (calça larga preta usada hoje em algumas artes marciais, como Aikidô, Iaidô e Kenbu):


GI: Honestidade e Justiça.

YU: Bravura, Valor.

JIN: Compaixão.

REI: Respeito.

MEIYO: Honra.

MAKOTO: Sinceridade, Verdade Absoluta.

CHUU: Fidelidade. 


CREDO SAMURAI

Eu não tenho pais, faço do céu e da terra meus pais. 
Eu não tenho casa, faço do mundo minha casa. 
Eu não tenho poder divino, faço da honestidade meu poder divino. 
Eu não tenho pretensões, faço da minha disciplina minha pretensão. 
Eu não tenho poderes mágicos, faço da personalidade meus poderes mágicos. 
Eu não tenho vida ou morte, faço das duas uma, tenho vida e morte.

Eu não tenho visão, faço da luz do trovão a minha visão. 
Eu não tenho audição, faço da sensibilidade meus ouvidos. 
Eu não tenho língua, faço da prontidão minha língua.

Eu não tenho leis, faço da auto-defesa minha lei. 
Eu não tenho estratégia, faço do direito de matar e do direito de salvar vidas minha estratégia. 
Eu não tenho projetos, faço do apego às oportunidades meus projetos. 
Eu não tenho princípios, faço da adaptação a todas as circunstâncias meu princípio. 
Eu não tenho táticas, faço da escassez e da abundância minha tática.

Eu não tenho talentos, faço da minha imaginação meus talentos. 
Eu não tenho amigos, faço da minha mente minha única amiga. 
Eu não tenho inimigos, faço do descuido meu inimigo. 
Eu não tenho armadura, faço da benevolência minha armadura. 
Eu não tenho castelo, faço do caráter meu castelo. 
Eu não tenho espada, faço da perseverança minha espada.



A MENTE LIVRE DO ESPADACHIM








O Kenjutsu, arte da espada samurai, não é apenas um conjunto de técnicas de ataque e defesa, mas também um exercício de sensibilidade, tranquilidade, concentração e plena atenção, como nas práticas meditativas zen-budistas. Os combates entre guerreiros japoneses duravam pouco segundos; não era suficiente, para obter a vitória, numa luta de vida e morte, a força física, a velocidade ou o conhecimento da técnica, mas sobretudo a percepção dos movimentos do outro, a partir de sua postura corporal, respiração, olhar, cheiro, ritmo, enfim, a percepção total do outro, compreendido não como alguém diferente, mas como parte de si mesmo, numa unidade eu-outro.  O samurai buscava prever os movimentos do adversário, antes mesmo de ele sacar a espada, e reagir de maneira espontânea, livre, fluida, sem pensamentos ou juízos de valor (“mu”, o vazio da mente), como um reflexo no espelho. Quando o espadachim raciocina antes de atacar ou defender, ele paralisa ou retarda o movimento, seu corpo fica aprisionado pela mente, e não conseguirá bloquear o movimento do outro e contra-atacar; quando ele adquire plena atenção e percepção, os seus gestos serão livres, fluídos, espontâneos, seguros e cheios de energia (ki), como a correnteza do rio. (Lições transmitidas pelo sensei, Ruben Espinoza. 

BOAS-VINDAS!



Qual é o sentido de treinarmos as antigas artes de combate japonesas no século XXI? Praticamos o Budô (caminho das artes marciais) para aprendermos a lutar com os nossos piores inimigos: o medo, a raiva, o ciúme, a inveja, a ignorância, o apego, a preguiça, a covardia, a impotência, o ódio, a tristeza, o rancor, a futilidade, a sensação de fracasso, as doenças do corpo, da mente e do espírito. O budô é uma jornada interna, espiritual, de autoconhecimento, embora também possa ser usado contra adversários externos. Aprendemos, todos os dias, um pouco mais sobre os nossos defeitos e como superá-los, para sermos pessoas melhores do que somos hoje, em benefício dos seres que estão à nossa volta e de nós mesmos.

MESTRES DO BUDÔ: HIROYUKI AOKI










Hiroyuki Aoki, mestre japonês de artes marciais, pintor, ator de teatro nô e calígrafo. Dedicou-se inicialmente ao Karatê. Criou a arte corporal Shintaido, a partir da qual desenvolveu estilos próprios de luta com a espada (kenjutsu), bastão longo (bojutsu), bastão curto (jojutsu), meditação com a espada (kenbu), saque de espada (iaijutsu) e outras técnicas. Suas artes, transmitidas ao mestre Yamato BioZouk, que as levou ao Brasil, são hoje lecionadas aqui pelo shihan Ruben Espinoza. Aoki desenvolveu uma nova abordagem do budô, enfatizando aspectos filosóficos, meditativos e artísticos, sem perder de vista a eficiência marcial. É um dos grandes mestres das artes marciais japonesas.

BOJUTSU, A ARTE DO BASTÃO LONGO








Bōjutsu (em japonês棒術; lit. "arte do bastão") é uma arte marcial japonesa da tradição samurai que utiliza o bastão longo, ou bô, que tem cerca de 1m80 (o bastão curto, ou jô, utilizado em outras técnicas, tem 1m28). Os movimentos de bastão são rápidos, ágeis, flexíveis e vigorosos. A arte de manejar o bô nasceu em Okinawa, com a adaptação de uma ferramenta de trabalho em arma para a defesa dos camponeses dos ataques incessantes de piratas e atingiu um nível de elevado grau de refinamento nos períodos Azuchi-Momoyama (1573-1603) e Edo (1603-1868). No século XX, Gichin Funakoshi, o criador do Karatê  moderno, levou o Bojutsu para as cidades japonesas, e o estilo tradicional ensinado por ele chegou até o sensei Hiroyuki Aoki, que transformou o Bojutsu numa técnica mais fluida e flexível, como se fosse uma   dança, mas sem perder a função marcial dos movimentos. A técnica chegou ao Brasil com um discípulo de Aoki Sensei, o mestre Yamato Hiramatsu, que também ensinou aqui técnicas de Kenjutsu, a arte da espada samurai, o Shintaido e outras artes marciais e meditativas japonesas. Atualmente, o Bojutsu é ensinado em São Paulo pelo sensei Ruben Espinoza, da Hiramatsu-ryu.