sexta-feira, 26 de abril de 2019
BOJUTSU: A ARTE DO BASTÃO LONGO
Claudio Daniel
O Bojutsu, ou arte do bastão longo, é uma prática marcial
japonesa que utiliza o bastão longo, ou bô, que tem cerca de 1m80 (o bastão
curto, ou jô, utilizado em outras técnicas, como o Jojutsu e o Jodô, tem cerca de 1m20). Os movimentos
de bastão são rápidos, ágeis, amplos e vigorosos, ao mesmo tempo que têm grande
beleza estética, como se fossem movimentos coreográficos. A arte de manejar o
bô nasceu na ilha de Okinawa, com a adaptação de uma ferramenta de trabalho,
usada para o transporte de baldes de água, em um instrumento para a proteção
dos camponeses dos incessantes ataques dos piratas (o uso de espadas ou outras
armas era proibido pelas autoridades da ilha).
A arte atingiu um grau elevado de refinamento nos períodos Azuchi-Momoyama (1573-1603) e Edo (1603-1868). No século XX, Gichin Funakoshi, o criador do Karatê moderno, levou o Bojutsu para as grandes cidades japonesas e o estilo tradicional ensinado por ele, ou Ryukyu Bojutsu, chegou até o sensei Hiroyuki Aoki, que transformou o Bojutsu numa técnica mais fluída e flexível, como se fosse uma dança, mas sem perder a função marcial dos movimentos.
O novo estilo da arte desenvolvido por Aoki incorporou práticas meditativas e um sentido filosófico, a partir dos estudos que ele realizou tanto das tradições orientais quanto do cristianismo e também de diferentes linguagens artísticas, como o jazz fusion, a dança ocidental moderna e a pintura expressionista abstrata de Jackson Pollock. A arte desenvolvida por Aoki Sensei chamou-se Shintaidô Bojuntsu e possui um caráter espiritual que a diferencia de outras modalidades, mais voltadas às competições, ao aspecto combativo ou ao mero domínio formal.
O Shintaido, nas palavras de Aoki, é “uma forma de trabalho corporal que faz com que se torne possível perceber o seu verdadeiro eu, purificar a alma e elevar o espírito”, além de desenvolver a sensibilidade, ampliando a percepção que temos de nosso próprio corpo, dos sons, imagens, cheiros e dos movimentos que acontecem à nossa volta, tornando-nos mais conscientes e atentos.
Aoki Sensei realizou diversas mudanças em seu estilo de Bojutsu após viajar pela América Central, Andes e Brasil, onde conheceu, inclusive, comunidades indígenas que também usam bastões em seus rituais. Fascinado pela beleza natural brasileira e latino-americana, diz Aoki, “decidi tentar criar um sistema de luta que tivesse algo em comum com a grandeza dessas paisagens e, ao mesmo tempo, estivesse imbuído do aspecto profundamente natural da nossa humanidade. Com isso em mente, eu revisei completamente o Bojutsu que eu havia desenvolvido até aquele ponto, e consegui torná-lo um sistema mais rico”.
Em 1978, após retornar ao Japão, o mestre passou por uma nova e extraordinária experiência: todas as noites, sonhava que um homem armado com um bastão o atacava, e ele via um outro eu sair de seu corpo e lutar com o atacante, usando técnicas que ele nunca tinha visto. Depois de algum tempo, passou a anotar todas as técnicas que viu em sonhos, e assim registrou 50 delas, chamadas nage wazas, que incorporou ao seu estilo, tornando-o ainda mais completo.
A arte desenvolvida por Aoki chegou ao Brasil graças ao seu discípulo Yamato Hiramatsu, que também ensinou aqui o Kenjutsu, ou arte da espada samurai, a caligrafia tradicional shodô, o Karatê e outras artes japonesas. Yamato Sensei modificou o estilo criado por Aoki, preservando suas técnicas fundamentais, porém incorporando descobertas de suas próprias pesquisas pessoais e aumentando ainda mais o seu caráter fluido, originando o atual Shindoryu Bojutsu.
Atualmente, essa arte é ensinado em São Paulo pelo sensei Ruben Espinoza, da Associação Hiramatsu-ryu, discípulo dos senseis Aoki e Yamato. As aulas dessa arte acontecem todas as sextas-feiras pela manhã, numa quadra localizada perto da estação de metrô Conceição (a partir de junho, também aos sábados, no Parque do Ibirapuera) e incluem exercícios físicos preparatórios, chamados de kihons, técnicas de ataque e defesa com o bastão realizadas individualmente, conhecidas como katás, e ainda exercícios feitos em dupla, ou kumibô, em que um praticante realiza o ataque com o bastão e o outro executa a defesa.
Todas as técnicas são executadas, a princípio, com velocidade moderada, até que cada aluno ganhe autoconfiança e domínio técnico; em seguida, o ritmo e o vigor físico das técnicas vai aumentando, já que se trata de uma arte marcial combativa.
Conforme diz o sensei Ruben Espinoza, o Shindoryu Bojutsu pode ser praticado por todas as pessoas interessadas, inclusive mulheres, idosos e crianças, pois, além de seu aspecto marcial, é também uma arte meditativa e terapêutica, que traz diversos benefícios para os sistemas respiratório, sanguíneo, muscular, nervoso, além de estimular a nossa sensibilidade e fortalecer a capacidade de atenção e concentração.
A arte atingiu um grau elevado de refinamento nos períodos Azuchi-Momoyama (1573-1603) e Edo (1603-1868). No século XX, Gichin Funakoshi, o criador do Karatê moderno, levou o Bojutsu para as grandes cidades japonesas e o estilo tradicional ensinado por ele, ou Ryukyu Bojutsu, chegou até o sensei Hiroyuki Aoki, que transformou o Bojutsu numa técnica mais fluída e flexível, como se fosse uma dança, mas sem perder a função marcial dos movimentos.
O novo estilo da arte desenvolvido por Aoki incorporou práticas meditativas e um sentido filosófico, a partir dos estudos que ele realizou tanto das tradições orientais quanto do cristianismo e também de diferentes linguagens artísticas, como o jazz fusion, a dança ocidental moderna e a pintura expressionista abstrata de Jackson Pollock. A arte desenvolvida por Aoki Sensei chamou-se Shintaidô Bojuntsu e possui um caráter espiritual que a diferencia de outras modalidades, mais voltadas às competições, ao aspecto combativo ou ao mero domínio formal.
O Shintaido, nas palavras de Aoki, é “uma forma de trabalho corporal que faz com que se torne possível perceber o seu verdadeiro eu, purificar a alma e elevar o espírito”, além de desenvolver a sensibilidade, ampliando a percepção que temos de nosso próprio corpo, dos sons, imagens, cheiros e dos movimentos que acontecem à nossa volta, tornando-nos mais conscientes e atentos.
Aoki Sensei realizou diversas mudanças em seu estilo de Bojutsu após viajar pela América Central, Andes e Brasil, onde conheceu, inclusive, comunidades indígenas que também usam bastões em seus rituais. Fascinado pela beleza natural brasileira e latino-americana, diz Aoki, “decidi tentar criar um sistema de luta que tivesse algo em comum com a grandeza dessas paisagens e, ao mesmo tempo, estivesse imbuído do aspecto profundamente natural da nossa humanidade. Com isso em mente, eu revisei completamente o Bojutsu que eu havia desenvolvido até aquele ponto, e consegui torná-lo um sistema mais rico”.
Em 1978, após retornar ao Japão, o mestre passou por uma nova e extraordinária experiência: todas as noites, sonhava que um homem armado com um bastão o atacava, e ele via um outro eu sair de seu corpo e lutar com o atacante, usando técnicas que ele nunca tinha visto. Depois de algum tempo, passou a anotar todas as técnicas que viu em sonhos, e assim registrou 50 delas, chamadas nage wazas, que incorporou ao seu estilo, tornando-o ainda mais completo.
A arte desenvolvida por Aoki chegou ao Brasil graças ao seu discípulo Yamato Hiramatsu, que também ensinou aqui o Kenjutsu, ou arte da espada samurai, a caligrafia tradicional shodô, o Karatê e outras artes japonesas. Yamato Sensei modificou o estilo criado por Aoki, preservando suas técnicas fundamentais, porém incorporando descobertas de suas próprias pesquisas pessoais e aumentando ainda mais o seu caráter fluido, originando o atual Shindoryu Bojutsu.
Atualmente, essa arte é ensinado em São Paulo pelo sensei Ruben Espinoza, da Associação Hiramatsu-ryu, discípulo dos senseis Aoki e Yamato. As aulas dessa arte acontecem todas as sextas-feiras pela manhã, numa quadra localizada perto da estação de metrô Conceição (a partir de junho, também aos sábados, no Parque do Ibirapuera) e incluem exercícios físicos preparatórios, chamados de kihons, técnicas de ataque e defesa com o bastão realizadas individualmente, conhecidas como katás, e ainda exercícios feitos em dupla, ou kumibô, em que um praticante realiza o ataque com o bastão e o outro executa a defesa.
Todas as técnicas são executadas, a princípio, com velocidade moderada, até que cada aluno ganhe autoconfiança e domínio técnico; em seguida, o ritmo e o vigor físico das técnicas vai aumentando, já que se trata de uma arte marcial combativa.
Conforme diz o sensei Ruben Espinoza, o Shindoryu Bojutsu pode ser praticado por todas as pessoas interessadas, inclusive mulheres, idosos e crianças, pois, além de seu aspecto marcial, é também uma arte meditativa e terapêutica, que traz diversos benefícios para os sistemas respiratório, sanguíneo, muscular, nervoso, além de estimular a nossa sensibilidade e fortalecer a capacidade de atenção e concentração.
Assinar:
Postagens (Atom)